Radio Fusion

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Kiriku e a Feiticeira. E as promessas politicas

   
                             Kiriku, a Feiticeira e a mentirologia

                Um filme surpreendente assinado por Michel Ocelot, “Kiriku e a Feiticeira”, bem que poderia ser lembrado quando o assunto fosse sobre a cultura afro-brasileira ou a temática sobre a consciência negra.  Trata de uma lenda africana recontada aos encantos do premiado desenho animado no qual Kiriku, um menino minúsculo e seu dom especial, nasce em uma aldeia e vem ao mundo para livrar seu povo da opressão da temível feiticeira Karabá. O desenho viaja com o pequeno herói em diversas situações do mundo místico das lendas africanas para salvar seu povo das mãos da feiticeira. Kiriku tem tudo de um pequeno herói: dócil, curioso, inteligente, meigo e não sabe mentir.
                Foi por isso que me lembrei deste filme, por causa do verbo mentir. Ele é transitivo direto, mas, indiretamente me aguçou a memória. Foi há dois anos no debate entre os vices à Prefeitura do Rio Grande, no Povo Novo, e foi questionado  aos candidatos a situação precária das estradas interioranas. Ficava a promessa que até o fim do ano, segundo o candidato Adnelson Troca, hoje vice-prefeito, que as máquinas e o saibro estariam na Estrada da Palma, isto em 2009, e era promessa do- prefeito- Branco- primo.
                Pois bem. Semana passada percorri a estrada e não vi nenhum melhoramento. Nada. E não é uma estrada qualquer. Seus traçados básicos já estavam delimitados no mapa de Canno y Olmilla desde os anos de 1776. Os antigos caminhos e ocupações indígenas  e que depois serviram de rota aos tropeiros que vinham do sul em direção as charqueadas pelotenses no século 19, continuam mal cuidados. O primeiro e único saibro colocado já ultrapassou 30 anos e pouca coisa mudou. Acesso vicinal que liga o Taim ao Povo Novo carece de melhor planejamento, estudos de rota alternativa aos sabores  do nosso interior, mas o que vemos?
                Na campanha eleitoral, sabemos, valem as promessas vazias, contínuos engodos, farsas já ultrapassadas, mas na efetivação dos cargos postulados, porque esse marasmo? Tem que ter ousadia e conhecimento. Recordo então Kiriku que foi atrás do sábio nos altos da montanha sagrada se aconselhar e descobrir o segredo para vencer a malvada feiticeira Karabá. No fim do filme, o sábio reafirma que o nosso herói não mente, mas e nós, cidade real, com essa mentirologia reinante, o que fazer?
                As ilusões perderam-se ao longo do tempo na soberba e senilidade de projetos reformadores. Nem uma estrada histórica com seus 230 anos nossos gestores conseguem enxergar. Nestes caminhos circulam nossos produtos primários como o leite, o arroz, a cebola, a produção de gado, mas falta circular o conhecimento, alternativas de rendas sustentáveis, rota de turismo rural, apoio a agricultura familiar e fixação do homem no campo, políticas públicas e boa vontade. Falta transparência e verdades.
 Kiriku é uma obra que vai além da magia das lendas da África Ocidental. Indicado para crianças e adultos, mas o tema recorrente é a inspiração que precisamos fazer algo.