Radio Fusion

terça-feira, 19 de junho de 2012


              O espaço que ainda espera a outorga da radio comunitária, teve até  meados do mês de junho - 2012 - mais de 2.550 visualizações no blog da Estação Quinta. Basicamente passou a ser um espaço de pesquisa, opção de leitura de estudantes e a comunidade em geral. Mesmo com algumas dificuldades, entre elas o acidente que tive, a meta e o objetivo foi de certa forma compensador. Manter um sitio cultural não é das tarefas mais fáceis.
            Dos artigos mais acessados, estão Vila da Quinta - Síntese Histórica com 221 visualizações, seguidas  da 'SIRQ - Uma instituição centenária' com139. 'A primeira aula pública na Vila da Quinta com 78 e a Igreja de Nossa Senhora das Necessidades do Povo Novo e Tropas de Gado compõe um leque das matérias mais acessadas.
           Quanto as visualizações de páginas por países, o Brasil corresponde a 2.203, E.U.A 88, Alemanha 54, Portugal 48, França 34 e as demais visitações corresponde a Rússia, Eslovênia, Itália, Canada e outros países.
          Por navegador, a Internet Explorer corresponde a 47%, Chrome com 28 % e o Firefox com 19%.
          A origem do tráfego, basicamente vem das páginas http//www.estacaoquinta.blogspot.com e do sitio de procura http//google.com/search.

    Valeu e obrigado

Obras úteis, obras necessárias ou obras eleitoreiras?


   
            Ainda vai faltar a grande obra. 

Em 2009, o Tribunal de Contas da União (TCU) lançou uma cartilha interessante “Obras Públicas. Recomendações Básicas para Contratação e Fiscalização de Obras de Edificações Públicas.” Receituário simples que define  toda a construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação de bem público como uma obra pública. Essa reflexão nasce diante de um quadro atual das obras na cidade. Notadamente há um esforço de “ações fortes” em que tendem a fugir da Lei Eleitoral com premissas e interesses definidos. Não é uma relíquia da atual administração, mas um compêndio de vicissitudes da politica brasileira no que tange a grandes obras em períodos pré-eleitorais. As gestões novas reclamam durante dois anos da herança recebida, depois surgem obras e, um pouco estranho, quando administrações de décadas vendem as mesmas ilusões e na verdade deveriam colher os frutos de um trabalho de anos à frente de uma Prefeitura.
Mas falta uma grande obra entre nós. Falta uma marca. A rede no mar virou um símbolo ultrapassado e com dezenas de frentes de obras notoriamente eleitoreiras, percebemos que algo já devia ser feito há mais tempo. Falta um brilho, ousadia e visão de futuro. Uma rótula na Junção não consegue dar o sentido de sua utilidade. Quem pesquisou o fluxo diário de pessoas? Quantos ônibus circulam no horário de pique? Qual a relação de circulação com a possibilidade de rotas alternativas com a zona oeste? Não sabemos nada das avaliações propostas.
È uma obra pública e o cumprimento ordenado das etapas de elaboração  leva à obtenção de um conjunto de informações precisas que refletirão em menor risco de prejuízos à Administração e o bem estar da população.
Há obras paradas, Secretarias incapazes de obras mais elaboradas, mas que num passo de mágica, tornam-se sonhos de consumo para o encanto de muitos. Falta a grande obra porque sempre nos encolhemos em projetar a cidade do futuro, amaciados em um passado presente de poucas perspectivas. O que sabemos da Obra da Praça Tamandaré? Ali vai ser para sempre o terminal de toda frota urbana do município? Pela representação histórica da velha Geribanda ainda nos anos dos 1800, será que foi feito algum detalhamento arqueológico para as obras? As relações estabelecidas quanto à paisagem urbana central não podem ser vistos da ótica do tráfego automotivo e é esse reducionismo que preocupa. As transformações estéticas e urbanísticas advêm da necessidade não só do crescimento urbano e populacional, mas compor afinidades entre o uso público, paisagismo e o patrimônio arquitotônico de um centro antigo e histórico. Mas ainda não pensamos assim. Retardamos nossa concepção de modernidade para, como uma praga, nos apropriarmos da gestão pública como se fosse algo privado. Remodelar em partes a arquitetura da cidade em nuvens densa de certo apressamento implica em obras de qualidade duvidosa que o tempo vai cobrar. Uma praça e seus encantos não devem ser espoliados de renovações, mas precisamos devolver aos moradores da cidade uma arquitetura envolvente, espetáculo de um orgulho do tempo distante.

De norte a sul. Do Estado ao município.  Ano de eleição é ano de obras. Mas não se pode errar tanto nem subestimar o eleitorado.  A cartilha do TCU esta disponível em  www.tcu.gov.br/portal/pls/portal/docs/2058946.PDF.  È só clicar.

As tendas do Povo Novo


Os antigos caminhos e estradas para o sul do Rio Grande foram abertos a partir dos anos de 1720 definindo traçados da circulação e o comércio das mulas e, com o gado veio a experiência da integração ainda no século 18 como uma atividade que consolidou o comércio e o nascedouro da vocação da economia rio-grandense até os tempos atuais e a formação de uma identidade histórica. No comércio de cavalgaduras, expedições militares ou nos passos dos viajantes ainda no século 19 desenharam rumos que a modernidade esqueceu e surgiram outros caminhos rústicos e naturais, mas viria o saibro e o asfalto na demanda dos novos meios de transportes à gasolina e a diesel. A estrada Rio Grande a Pelotas terminou de ser asfaltada somente na década de 50 e quem disse que lá não estavam as primeiras “bancas” no Povo Novo.
A velha estrada não tinha acostamento e um movimento fraco, a não ser nos fins de semana e, lembra Gilnei Martins, as mudas de jasmim, ficavam na beira do asfalto e não viravam com o trânsito da época. Os caminhões a gasolina como o Ford F 600 e o Chevrolet Brasil dos anos 60 cortavam o movimento diário da estrada. Mudavam o perfil  quando outros tipos de movimento, quando, por exemplo,  começava o corte de arroz no Taim e Santa Vitoria do Palmar que ainda era manual, centenas de carroças, carroções e trabalhadores rumavam para a colheita à foice do arroz e nos trabalhos das trilhadeiras. Hoje com a colheita mecanizada e o movimento para o Porto compõe outra dinâmica, além do intensivo movimento em direção à praia do Cassino, mas segundo os proprietários mais antigos, se vendia muito mais do que hoje.
 Não se comercializa mais galinhas, marrecos, gansos como antigamente, mas continua a tradição dos frutos da época colhidos na região como o araçá, butiás e pitangas que “os guris vendiam na beira da estrada.” Nedy Machado Borges vende desde este tempo, mas fixo na beira da estrada está a 30 anos comprando produtos da localidade e com uma lista de produtores que chega a 100. Na alta temporada, a cebola, alho, abóboras de pescoço, moranga e melancia são os produtos mais procurados pelos visitantes e turistas. Também concorda que o movimento aumentou na estrada, mas menos turistas ou caminhoneiros param para levarem os produtos locais.
A importância das ‘bancas’ vai além do que os  turistas e compradores possam imaginar. È uma rede de abastecimento dos produtos locais que depende  exclusivamente das vendas nas bancas, oriundos  basicamente das pequenas propriedades do entorno distrital. A agricultura familiar se desenvolve e se sustenta, em muitos casos, graças ao comércio estabelecido à beira da estrada.
A duplicação da estrada tem lá seus contra tempos, mas problemático mesmo é a insistência dos órgãos responsáveis em negar  o espaço público na comercialização dos produtos. Ainda é cedo, mas necessário se faz  a conscientização e o entendimento social produtivo desse patrimônio à beira da estrada.  

Participaram;Gilnei Martins, Agricultor e morador do Povo Novo e     Cledenir Vergara Mendonça

E.C Santo Antonio - Povo Novo



            Quando em agosto de 1960, Juvenal de Souza Freitas Filho, Eloy Rocha Beira e Feliciano Gomes Filho nem imaginavam os caminhos que seguiria o clube que estavam organizando. Naquele tempo era o E.C Esperança  a referência tradicional de uma agremiação de futebol no interior ou dos famosos bailes concorridos de uma outrora elite rural na qual encontrava no clube seu espaço de lazer e divertimento.
            A base do time e dos fundadores do E.C Santo Antonio em 1960, veio dos trabalhadores do antigo curtume “Santo Antonio” de Paulo Coutelle, com aproximadamente 50 funcionários mais os menores do estaqueamento do couro e lá nascia a gênese do nome e do distintivo do clube, um couro estampado na camiseta e na bandeira. Uma homenagem ao curtume reconhecido aquele tempo como uma das empresas de melhor qualidade de preparo e curtição de couros no sul do estado.
            Se por um lado o Santo Antonio recebeu apoio do Curtume, (os funcionários depois do expediente, faziam mais duas horas na limpeza do campo) não se pode esquecer as influências e origens no time E.C Flor do Povo, que não tinha uma organização plena , e neste sentido reconstruíram a base do futebol com a mescla de jogadores funcionários do antigo Curtume e de jogadores do Flor do Povo. As reuniões iniciais e até mesmo o arrendamento do Salão do Flor do Povo, depois Sociedade Lagemann, para festas e bailes do Santo Antonio entre 1962 a 1972. Uma pequena sede de madeira foi construída em 1968  no local atual  e o prédio em alvenaria foi inaugurado em março de 1972.
            O antigo campo de Nossa Senhora, cercado de matos e tuneiras, pertencia a Igreja de Nossa Senhora das Necessidades do Povo Novo e foi emprestado ao clube e mais tarde foi doado pela Diocese de Rio Grande e o clube ‘vermelho e branco’ começava assim a trajetória social e futebolística no distrito do Povo Novo.
            Foi 8 vezes campeão da cidade, 14 vezes campeão do Interior e nas décadas de 90 em diante virou uma marca registrada de sucesso. Ainda faz jantares dançantes e bingos semanais. Virou encanto e paixão de muitos torcedores. Antonio Mendes Castanheira Filho é um deles. São 48 anos dedicados ao clube. De Presidente por várias vezes a porteiro, só não foi um bom lateral direito na década de 60, brinca ele com seu jeito manso de falar. Nem lembra um fato importante no Clube. Pensa, reflete sobre o tempo passado e em suas memórias uma eterna ligação com o clube. Nem a derrubada dos matos para a construção do campo, nem os tijolos e a massa nos verões quando construía aos poucos a sede social. Fez somente uma referência de uma excursão a Novo Hamburgo a mais ou menos 30 anos passados para jogar contra o Estância Velha, campeão da região, com 2 ônibus e o Santo Antonio ganhou o jogo aos 40 minutos do 2º tempo. Mas isso foi  um fato e o clube é uma paixão acima dos fatos. È uma relação de família, uma grande família. A atual Presidente é a sua esposa, Maria Marlene Borges Castanheira desde 2008. Os caminhos e o caráter de um clube passam pela harmonia e conduta da       ( ver o apelido ).

            Hoje o clube está em atividades no Campeonato da Campanha, com 1º e 2º quadros, o Dep. De Veteranos, participa do campeonato de Futebol no Cassino e no citadino de Futebol de Salão.

Artigo publicado na Revista Memória sociocultural e  histórica do Povo Novo. fev/ 2012 - Ponto de Cultura Artestação