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terça-feira, 3 de julho de 2012

E.C Esperança - Povo Novo

E.C Esperança
   A arte de ser centenário não deve ser expressa apenas como manifestação e valorização estética ou de títulos. È antes de tudo, uma atitude do homem em relação ao seu passado e, neste sentido, as lembranças tornam-se eternas vigias do tempo, consistentes memórias que aguçam os sonhos ou as frustrações do passado.
         Estou falando isso porque teria que sintetizar o quase centenário E.C Esperança (Povo Novo, 19/10/1913) e reviver na memória dos mais velhos as utopias de uma geração e as suas inquietantes lembranças de uma equipe de vencedores. A geração de Tatá ( Antonio Gustavo Mendonça das Neves), Bocha ( Edes Mendonça das Neves), Biboca ( Silvio Mendonça das Neves), Dino (Bernadino Mendonça das Neves) e o Amir, os irmãos que brilharam nos anos 50 na escola de futebol chamada Esperança. Tatá jogou por 45 anos no time do coração e o Bocha jogou 32 anos vestindo as cores verde e amarela. A irmã Eloá, 17 anos, era a rainha e eles eram o pilar que garantiram o título  de Campeão Gaúcho de Futebol amador em 1953.
       Um feito inédito. O adversário, o Olaria de Novo Hamburgo, tomou de 5X4 no jogo em casa e no jogo de volta (18/04/1954) no campo do E.C Rio Grande, tempos da Buarque de Macedo, os alemães levaram de 5X0 na prorrogação. Foi o presente dos 40 anos do clube. Virou magia, empolgadas bandeiras, barulhentos apitos da torcida e suas matracas coloridas. Desfilaram   pela cidade, afinal,o mundo urbano lhes pertencia e eles viriam do interior para serem os campeões do estado.
      Em seguida, o caçula Claudio começaria a jogar bola e os insistentes convites para jogarem futebol nas equipes profissionais de Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre. Tornaram-se lendas, encanto de quem os viu jogar. Tatá, Bocha e Dino já faleceram, nem deixaram filhos, mas a herança de um futebol clássico e refinado sobrevive na memória do velho Povo Novo e essa temporalidade memoralística tende a promover um profundo contato entre a memória e o esquecimento entrelaçando a experiência vivida com a possibilidade de reconstruir novos paradigmas do tempo distante.
     Em 2013 serão os 100 anos do E.C Esperança e, provavelmente, raros clubes amadores do Rio Grande do Sul ainda estejam em plena atividade. O clube vem disputando o campeonato da Campanha com o 1º e 2º quadro e um projeto com os meninos do Povo Novo na escolinha de futebol com encontros as quintas-feiras. Em sua sede social fotos e troféus acumulados no tempo e os bailes já não tem mais o brilho das velhas tradições e dos exageros personalizados de uma elite branca, mas continua com seu status de prestigio e, inabalavelmente, uma organização solidificada com o trabalho de aproximadamente 30 pessoas que ajudam a reconstruir no dia-dia os sonhos de uma geração. Uma paixão como diria a ex-presidente Teresa Pires, que em minhas veias o sangue  é e sempre será “verde e amarelo”, ou uma extensão da nossa casa diria o Jorge Wainer das Neves.

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