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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A ferrovia no Sul

O sonho de Hygino e a Ferrovia Sul/Norte
As Estações Ferroviárias entre Bagé e Rio Grande foram oficialmente inauguradas em 02.12.1884. Uma uniformidade da informação na trajetória dos caminhos de ferro, mas que de certa forma reduz em muito a perspectiva do conhecimento histórico de um fato de extrema importância ainda na antiga Província de São Pedro e suas relações com o mundo capitalista e pré-industrial em nosso meio.
Um nome e esquecido é de Hygino Corrêa Durão. Foi com ele os primeiros estudos para a construção da Estrada de Ferro do Rio Grande ao entroncamento Cacequi. Pela lei nº 776 de 04.05.1871, ele obteve a concessão para a construção da estrada de ferro. Partiria para a Europa para contratar técnicos e engenheiros capacitados e buscar financiamento nos bancos de Londres, levando junto às boas intenções do Governo de D.Pedro II no processo de expansão no sul de uma malha ferroviária. Ele sabia dos fuxicos provincianos, pois a vizinha Pelotas tinha enorme preocupações pela construção da linha para Rio Grande temendo que o comércio de importação e exportação para o interior se deslocasse também para Rio Grande. Não foi por nada que os encarregados do Governo de fiscalizar os estudos das viabilidades técnicas,  em dois anos jamais emitiram nenhum laudo e estavam hospedados em Pelotas.
Mas em 22 de junho de 1876 falecia na capital do Império, Rio de Janeiro, Hygino Durão, tornando-se nulo os seus direitos de estudo, construção e administração da linha projetada. Haveria temerosos interesses, às vezes velados que passavam desde a capital da Província, Porto Alegre, aos favorecimentos locais, mas seus sócios tinha a plena convicção que se tornaria real esta linha férrea e sua importância para a economia da Província. Mas a revelia dos estudos e sem justificativas convincentes, outras influências patrocinariam em primeiro lugar o trecho Porto Alegre a Uruguaiana.
A Audiência Pública sobre a Ferrosul na última sexta-feira na Câmara Municipal do Rio Grande, foi como fazer um retorno a 135 anos atrás, resguardados os interesses modernizados. Pode haver necessidades compartilhadas, diferenças geográficas, mas acima de tudo é preciso definir a opção politica em investir pelo modal ferroviário no transporte de nossas riquezas. O Grupo de Apoio  e Estudos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e suas consultas Publicas pelo Estado, propõe colher dados e ações afirmativas da sociedade para a viabilização do traçado da Ferrovia Sul/Norte até o Porto do Rio Grande.
Falta-nos mais Hyginos e seu empreendedorismo. O capital internacional dos conglomerados de transportes ferroviários se amanceba às fragilidades dos governos e seus descontroles sob a ótica de preservação do patrimônio público e o exemplo da rifa barata das licitações de arrendamento e concessão dos serviços ferroviários na privatização da RFFSA foi um exemplo.
Rio Grande até que foi bem representada na Audiência Pública pela sociedade civil e o incansável Alexandre Lindenmeyer, mas ficou a impressão que de sonhos e saudosismo, pouco vai ajudar. São precisos detalhes técnicos, viabilidades econômicas, homens públicos com a noção e dimensão competitiva do mercado de cargas que interligam a geografia fluvial, rodoviária e ferroviária. Hygino e seu tempo, mas não custa nada ver a “Memória Justificativa sobre os Estudos definitivos para a Estrada de Ferro do Rio Grande ao Entroncamento Cacequi”, RJ, 1876 que está na Biblioteca Rio Grandense. O homem que foi o incorporador e empreiteiro das Hidráulicas de Pelotas e Rio Grande, construiu a 1ª Ponte no Piratini, ajudou na aquisição e construção do antigo  cais de madeira do Porto Velho e o esforço que o trem teria que partir dessa cidade, merece mais. Até o respeito dos políticos locais.

Um comentário:

  1. PARABÉNS PELO TEXTO, E CONCORDO QUE OS GRANDES FEITOS DE HYGINO DURÃO NÃO PODEM FICAR NO ESQUECIMENTO.

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