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terça-feira, 19 de junho de 2012

Obras úteis, obras necessárias ou obras eleitoreiras?


   
            Ainda vai faltar a grande obra. 

Em 2009, o Tribunal de Contas da União (TCU) lançou uma cartilha interessante “Obras Públicas. Recomendações Básicas para Contratação e Fiscalização de Obras de Edificações Públicas.” Receituário simples que define  toda a construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação de bem público como uma obra pública. Essa reflexão nasce diante de um quadro atual das obras na cidade. Notadamente há um esforço de “ações fortes” em que tendem a fugir da Lei Eleitoral com premissas e interesses definidos. Não é uma relíquia da atual administração, mas um compêndio de vicissitudes da politica brasileira no que tange a grandes obras em períodos pré-eleitorais. As gestões novas reclamam durante dois anos da herança recebida, depois surgem obras e, um pouco estranho, quando administrações de décadas vendem as mesmas ilusões e na verdade deveriam colher os frutos de um trabalho de anos à frente de uma Prefeitura.
Mas falta uma grande obra entre nós. Falta uma marca. A rede no mar virou um símbolo ultrapassado e com dezenas de frentes de obras notoriamente eleitoreiras, percebemos que algo já devia ser feito há mais tempo. Falta um brilho, ousadia e visão de futuro. Uma rótula na Junção não consegue dar o sentido de sua utilidade. Quem pesquisou o fluxo diário de pessoas? Quantos ônibus circulam no horário de pique? Qual a relação de circulação com a possibilidade de rotas alternativas com a zona oeste? Não sabemos nada das avaliações propostas.
È uma obra pública e o cumprimento ordenado das etapas de elaboração  leva à obtenção de um conjunto de informações precisas que refletirão em menor risco de prejuízos à Administração e o bem estar da população.
Há obras paradas, Secretarias incapazes de obras mais elaboradas, mas que num passo de mágica, tornam-se sonhos de consumo para o encanto de muitos. Falta a grande obra porque sempre nos encolhemos em projetar a cidade do futuro, amaciados em um passado presente de poucas perspectivas. O que sabemos da Obra da Praça Tamandaré? Ali vai ser para sempre o terminal de toda frota urbana do município? Pela representação histórica da velha Geribanda ainda nos anos dos 1800, será que foi feito algum detalhamento arqueológico para as obras? As relações estabelecidas quanto à paisagem urbana central não podem ser vistos da ótica do tráfego automotivo e é esse reducionismo que preocupa. As transformações estéticas e urbanísticas advêm da necessidade não só do crescimento urbano e populacional, mas compor afinidades entre o uso público, paisagismo e o patrimônio arquitotônico de um centro antigo e histórico. Mas ainda não pensamos assim. Retardamos nossa concepção de modernidade para, como uma praga, nos apropriarmos da gestão pública como se fosse algo privado. Remodelar em partes a arquitetura da cidade em nuvens densa de certo apressamento implica em obras de qualidade duvidosa que o tempo vai cobrar. Uma praça e seus encantos não devem ser espoliados de renovações, mas precisamos devolver aos moradores da cidade uma arquitetura envolvente, espetáculo de um orgulho do tempo distante.

De norte a sul. Do Estado ao município.  Ano de eleição é ano de obras. Mas não se pode errar tanto nem subestimar o eleitorado.  A cartilha do TCU esta disponível em  www.tcu.gov.br/portal/pls/portal/docs/2058946.PDF.  È só clicar.

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