Em 2009,
o Tribunal de Contas da União (TCU) lançou uma cartilha interessante “Obras Públicas. Recomendações Básicas para
Contratação e Fiscalização de Obras de Edificações Públicas.” Receituário
simples que define toda a construção,
reforma, fabricação, recuperação ou ampliação de bem público como uma obra
pública. Essa reflexão nasce diante de um quadro atual das obras na cidade.
Notadamente há um esforço de “ações fortes” em que tendem a fugir da Lei
Eleitoral com premissas e interesses definidos. Não é uma relíquia da atual
administração, mas um compêndio de vicissitudes da politica brasileira no que
tange a grandes obras em períodos pré-eleitorais. As gestões novas reclamam
durante dois anos da herança recebida, depois surgem obras e, um pouco estranho,
quando administrações de décadas vendem as mesmas ilusões e na verdade deveriam
colher os frutos de um trabalho de anos à frente de uma Prefeitura.
Mas
falta uma grande obra entre nós. Falta uma marca. A rede no mar virou um
símbolo ultrapassado e com dezenas de frentes de obras notoriamente
eleitoreiras, percebemos que algo já devia ser feito há mais tempo. Falta um
brilho, ousadia e visão de futuro. Uma rótula na Junção não consegue dar o
sentido de sua utilidade. Quem pesquisou o fluxo diário de pessoas? Quantos
ônibus circulam no horário de pique? Qual a relação de circulação com a
possibilidade de rotas alternativas com a zona oeste? Não sabemos nada das
avaliações propostas. È uma obra pública e o cumprimento ordenado das etapas de elaboração leva à obtenção de um conjunto de informações precisas que refletirão em menor risco de prejuízos à Administração e o bem estar da população.
Há obras
paradas, Secretarias incapazes de obras mais elaboradas, mas que num passo de
mágica, tornam-se sonhos de consumo para o encanto de muitos. Falta a grande
obra porque sempre nos encolhemos em projetar a cidade do futuro, amaciados em
um passado presente de poucas perspectivas. O que sabemos da Obra da Praça
Tamandaré? Ali vai ser para sempre o terminal de toda frota urbana do
município? Pela representação histórica da velha Geribanda ainda nos anos dos
1800, será que foi feito algum detalhamento arqueológico para as obras? As
relações estabelecidas quanto à paisagem urbana central não podem ser vistos da
ótica do tráfego automotivo e é esse reducionismo que preocupa. As
transformações estéticas e urbanísticas advêm da necessidade não só do
crescimento urbano e populacional, mas compor afinidades entre o uso público,
paisagismo e o patrimônio arquitotônico de um centro antigo e histórico. Mas
ainda não pensamos assim. Retardamos nossa concepção de modernidade para, como
uma praga, nos apropriarmos da gestão pública como se fosse algo privado. Remodelar
em partes a arquitetura da cidade em nuvens densa de certo apressamento implica
em obras de qualidade duvidosa que o tempo vai cobrar. Uma praça e seus
encantos não devem ser espoliados de renovações, mas precisamos devolver aos
moradores da cidade uma arquitetura envolvente, espetáculo de um orgulho do
tempo distante.
De norte
a sul. Do Estado ao município. Ano de
eleição é ano de obras. Mas não se pode errar tanto nem subestimar o
eleitorado. A cartilha do TCU esta
disponível em www.tcu.gov.br/portal/pls/portal/docs/2058946.PDF. È
só clicar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário